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sábado, 22 de abril de 2017

O OUTRO EVANGELHO


Por Arthur W. Pink

Satanás não é um iniciador; ele é um imitador. Deus tem um Filho unigênito, o Senhor Jesus Cristo; de modo similar, Satanás tem o “filho da perdição” (2 Ts 2.3). Existe uma Trindade Santa; de maneira semelhante, existe a Trindade do Mal (Ap 20.10). Lemos nas Escrituras a respeito dos “filhos de Deus”? Lemos também sobre os “filhos do maligno” (Mt 13.38). Deus realmente realiza em seus filhos tanto o querer como o executar a sua boa vontade? Somos informados que Satanás é o “espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef 2.2). Existe um “mistério da piedade” (1 Tm 3.16)? Também existe um “mistério da iniquidade” (2 Ts 2.7). A Bíblia nos diz que Deus, por meio de seus anjos, sela os seus servos em suas frontes (Ap 7.3)? Aprendemos igualmente que Satanás, por meio de seus agentes, coloca uma marca sobre as frontes de seus servidores (Ap 13.16). As Escrituras nos revelam que o “Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus” (1 Co 2.10)? De maneira semelhante, Satanás possui as suas “coisas profundas” (Ap 2.24). Cristo realiza milagres? Satanás também pode fazer isso (2 Ts 2.9). Cristo está assentado em seu trono? De modo semelhante, Satanás tem o seu trono (Ap 2.13). Cristo possui uma Igreja? Satanás tem a sua sinagoga (Ap 2.9). Cristo é a luz do mundo? De modo similar, o próprio Satanás “se transforma em anjo de luz” (2 Co 11.14). Cristo designou os seus apóstolos? Satanás também possui os seus apóstolos (2 Co 11.13). Tudo isso nos leva a considerar o “Evangelho de Satanás”.
Satanás é um arqui-imitador. Ele está agora em atividade no mesmo campo em que o Senhor Jesus semeou a boa semente. O diabo está procurando impedir o crescimento do trigo, utilizando-se de outra planta, o joio, que em aparência se assemelha muito ao trigo. Em resumo, por meio de um processo de imitação, Satanás está almejando neutralizar a obra de Cristo. Portanto, assim como Cristo tem um evangelho, Satanás também possui um evangelho, que é uma imitação sagaz do evangelho de Cristo. O evangelho de Satanás se parece tanto com aquele que procura imitar, que multidões de pessoas não salvas são enganadas por este evangelho.
O apóstolo Paulo se referiu a este evangelho, quando disse: “Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo” (Gl 1.6,7). Este falso evangelho estava sendo proclamado mesmo nos dias do apóstolo, e uma terrível maldição foi lançada sobre aqueles que o pregavam. O apóstolo continuou: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema” (v. 8). Com a ajuda de Deus, nos esforçaremos para explicar, ou melhor, para desmascarar este falso evangelho.
O evangelho de Satanás não é um sistema de princípios revolucionários, nem ainda é um programa de anarquia. Ele não promove a luta e a guerra, mas objetiva a paz e a unidade. Ele não busca colocar a mãe contra sua filha, nem o pai contra seu filho, mas busca nutrir o espírito de fraternidade, por meio do qual a raça humana deve ser considerada como uma grande “irmandade”. Ele não procura deprimir o homem natural, mas aperfeiçoá-lo e erguê-lo. Ele advoga a educação e a cultura e apela para “o melhor que está em nosso interior” – Ele objetiva fazer deste mundo uma habitação tão confortável e apropriada, que a ausência de Cristo não seria sentida, e Deus não seria necessário. Ele se esforça para deixar o homem tão ocupado com este mundo, que não tem tempo ou disposição para pensar no mundo que está por vir. Ele propaga os princípios do auto-sacrifício, da caridade, e da boa-vontade, e nos ensina a viver para o bem dos outros, e a sermos gentis para com todos. Ele tem um forte apelo para a mente carnal, e é popular com as massas, porque deixa de lado o fato gravíssimo de que, por natureza, o homem é uma criatura caída, apartada da vida com Deus, e morta em ofensas e pecados, e que sua única esperança reside em nascer novamente.
Contradizendo o Evangelho de Cristo, o evangelho de Satanás ensina a salvação pelas obras. Ele inculca a justificação diante de Deus em termos de méritos humanos. Sua frase sacramental é “Seja bom e faça o bem”; mas ele deixa de reconhecer que lá na carne não reside nenhuma boa coisa. Ele anuncia a salvação pelo caráter, o que inverte a ordem da Palavra de Deus – o caráter como fruto da salvação. São muitas as suas várias ramificações e organizações: Temperança, Movimentos de Restauração, Ligas Socialistas Cristãs, Sociedades de Cultura Ética, Congresso da Paz, estão todos empenhados (talvez inconscientemente) em proclamar o evangelho de Satanás – a salvação pelas obras. O cartão da seguridade social substitui Cristo; pureza social substitui regeneração individual, e, política e filosofia substituem doutrina e santidade. A melhoria do velho homem é considerada mais prática que a criação de um novo homem em Cristo Jesus; enquanto a paz universal é buscada sem que haja a intervenção e o retorno do Príncipe da Paz.
Os apóstolos de Satanás não são taberneiros e traficantes de escravas brancas, mas são em sua maioria ministros do evangelho ordenados. Milhares dos que ocupam nossos modernos púlpitos não estão mais engajados em apresentar os fundamentos da Fé Cristã, mas têm se desviado da Verdade e têm dado ouvidos às fábulas. Ao invés de magnificar a enormidade do pecado e estabelecer suas eternas conseqüências, o minimizam ao declarar que o pecado é meramente ignorância ou ausência do bem. Ao invés de alertar seus ouvintes para “escaparem da ira futura”, fazem de Deus um mentiroso ao declarar que Ele é por demais amoroso e misericordioso para enviar quaisquer de Suas próprias criaturas ao tormento eterno. Ao invés de declarar que “sem derramamento de sangue não há remissão”, eles meramente apresentam Cristo como o grande Exemplo e exortam seus ouvintes a “seguir os Seus passos”. Deles é preciso que seja dito: “Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus” (Romanos 10:3). A mensagem deles pode soar muito plausível e seu objetivo parecer muito louvável, mas, ainda sobre eles nós lemos: – “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras” (II Coríntios 11:13-15).
Somando-se ao fato de que hoje centenas de igrejas estão sem um líder que fielmente declare todo o conselho de Deus e apresente Seu meio de salvação, também temos que encarar o fato de que a maioria das pessoas nestas igrejas está muito distante de conseguir descobrir a verdade por si mesma. O culto doméstico, onde uma porção da Palavra de Deus era costumeiramente lida diariamente, é agora, mesmo nos lares de Cristãos professos, basicamente uma coisa do passado. A Bíblia não é exposta no púlpito e não é lida no banco da igreja. As demandas desta era agitada são tão numerosas, que multidões têm pouco tempo, e ainda menos disposição, para fazer uma preparação para o encontro com Deus. Por essa razão, a maioria, aqueles que são negligentes o bastante para não pesquisarem por si mesmos, são deixados à mercê dos homens a quem pagam para pesquisar por eles; muitos dos quais traem a verdade deles, por estudar e expor problemas sociais e econômicos ao invés dos Oráculos de Deus.
Em Provérbios 14:12 lemos: “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte”. Este “caminho” que termina em “morte” é a Ilusão do Diabo – o evangelho de Satanás – um caminho de salvação através da realização humana. É um caminho que “parece direito”, o qual, é preciso que se diga, é apresentado de um modo tão plausível que ganha a simpatia do homem natural; é pregado de forma tão habilidosa e atrativa, que se torna recomendável à inteligência dos seus ouvintes. Por incorporar a si mesmo terminologia religiosa, algumas vezes apela para a Bíblia como seu suporte (sempre que isto se ajusta aos seus propósitos), mantém diante dos homens ideais elevados, e é proclamado por pessoas que têm graduação em nossas instituições teológicas, e incontáveis multidões são atraídas e enganadas por ele.
O sucesso de um falsificador de moedas depende em grande medida de quão proximamente a falsificação lembra o artigo genuíno. A heresia não é uma total negação da verdade, mas sim, uma deturpação dela. Por isto é que uma meia verdade é sempre mais perigosa que uma completa mentira. É por isso que quando o Pai da Mentira assume o púlpito, não é seu costume claramente negar as verdades fundamentais do Cristianismo, antes ele tacitamente as reconhece, e então procede de modo a lhes dar uma interpretação errônea e uma falsa aplicação. Por exemplo, ele não seria tão tolo de orgulhosamente anunciar sua descrença em um Deus pessoal; ele dá a Sua existência como certa, e então apresenta uma falsa descrição da Sua natureza. Ele anuncia que Deus é o Pai espiritual de todos os homens, que as Escrituras claramente nos dizem que nós somos: “filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus” (Gálatas 3:26), e que “a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus” (João 1:12). E mais adiante, ele declara que Deus é por demais misericordioso para em algum momento enviar qualquer membro da raça humana no Inferno, mesmo havendo o próprio Deus dito que: “aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Apocalipse 20:15).
Novamente, Satanás não seria tão tolo, a ponto de ignorar a figura central da história humana – o Senhor Jesus Cristo; ao contrário, seu evangelho O reconhece como sendo o melhor homem que já viveu. A atenção é então levada para os Seus feitos de compaixão e para as Suas obras de misericórdia, para a beleza de Seu caráter e a sublimidade de Seu ensino. Sua vida é elogiada, mas Sua morte vicária é ignorada, a importantíssima obra reconciliadora da cruz não é mencionada, enquanto Sua triunfante e corpórea ressurreição dos mortos é considerada como uma crendice de uma época de muita superstição. É um evangelho sem sangue, e apresenta um Cristo sem cruz, que é recebido não como Deus manifesto em carne, mas meramente como o Homem Ideal.
Em 2 Coríntios 4.3-4, temos uma passagem bíblica que oferece muito esclarecimento sobre o nosso tema. Esta passagem nos diz: “Se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está en- coberto, nos quais o deus deste século [Satanás] cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus”. Satanás cega a mente dos incrédulos por ocultar-lhes a luz do evangelho de Cristo e por substituí-lo pelo seu próprio evangelho. Ele é apropriadamente chamado de “diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo” (Ap 12.9). Apenas em apelar ao “melhor que existe no homem” e em exortá-lo a “seguir uma vida nobre”, Satanás fornece uma plataforma geral sobre a qual as pessoas de diferentes tons de opinião podem se unir e proclamar esta mensagem comum.
Citamos, novamente, Provérbios 14.12: “Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte”. Alguém já disse, com considerável verdade, que o caminho para o inferno está pavimentado com boas intenções. Haverá muitos no lago de fogo que recomendaram suas próprias vidas com boas intenções, resoluções honestas e ideais elevados — aqueles que eram justos em seus relacionamentos, corretos em suas transações e caridosos em todos os seus procedimentos; homens que se orgulhavam de sua integridade, mas que procuravam justificar-se a si mesmos diante de Deus, por meio de sua justiça própria; homens de boa moralidade, misericordiosos, magnânimos, mas que nunca se viram como pecadores culpados, perdidos, merecedores do inferno e necessitados de um Salvador. Este é o caminho que “parece direito”; é o caminho que a si mesmo se recomenda à mente carnal e a multidões de pessoas iludidas em nossos dias. O engano do diabo afirma que podemos ser salvos por meio de nossas próprias obras e justificados por meio de nossos atos; enquanto Deus nos declara em sua Palavra: “Pela graça sois salvos, mediante a fé... não de obras, para que ninguém se glorie”; e: “Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou”.
Há alguns anos, conheci um homem que era um pregador leigo e obreiro cristão entusiasta. Durante sete anos, ele estivera engajado na pregação pública e em atividades religiosas. No entanto, por meio das expressões que ele utilizava, eu mesmo duvidei se ele era “nascido de novo”. Quando comecei a questioná-lo, descobri que ele tinha um conhecimento muito imperfeito das Escrituras e apenas uma vaga noção sobre a obra de Cristo em favor dos pecadores. Por algum tempo, procurei apresentar-lhe o caminho da salvação, de uma maneira simples e impessoal, e encorajá-lo a estudar a Palavra de Deus, na esperança de que, se meu amigo ainda não era salvo, Deus se agradaria em revelar-lhe o Salvador que ele necessitava.
Uma noite, para nossa alegria, aquele que estivera pregando o evangelho por vários anos, confessou que havia encontrado a Cristo somente na noite anterior. Ele reconheceu (usando as suas próprias palavras) que estivera apresentando “o Cristo ideal”, e não o Cristo da cruz. Creio que existem milhares de pessoas semelhantes a este pregador, pessoas que, talvez, foram trazidas à Escola Dominical, aprenderam sobre o nascimento, a vida e os ensinos de Jesus Cristo; pessoas que crêem na historicidade da pessoa de Cristo; pessoas que esporadicamente se esforçam para obedecer os preceitos de Jesus e pensam que isso é tudo que é necessário para a sua salvação. Com freqüência, esse tipo de pessoa, quando atinge a maturidade e sai para o mundo, depara-se com os ataques de ateístas e infiéis, dizendo-lhes que Jesus de Nazaré nunca viveu neste mundo. Mas as impressões dos primeiros contatos com o evangelho não podem ser facilmente apagadas e tais pessoas permanecem firmes na confissão de que crêem em Jesus. Apesar disso, quando a sua fé é examinada, com muita freqüência descobre-se que, embora acreditem em muitas coisas sobre Jesus, tais pessoas realmente não crêem nEle. Em sua mente, elas acreditam que Ele realmente viveu neste mundo (e, por crerem nisso, imaginam que são salvas), mas nunca abaixaram as armas de sua guerra contra Jesus, sujeitando-se a Ele, nem creram nEle verdadeiramente, com todo o seu coração.
A simples aceitação de uma doutrina ortodoxa sobre a pessoa de Cristo, sem o coração haver sido conquistado por Ele e sem a vida Lhe ser consagrada, é outra fase do “caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte”; em outras palavras, é outro aspecto do evangelho de Satanás.
E, agora, qual é a sua situação? Você está no caminho que “parece direito”, mas termina na morte, ou no caminho estreito que conduz à vida? Você abandonou verdadeiramente o caminho largo que conduz à perdição? O amor de Cristo criou em seu coração um ódio e horror por tudo aquilo que é desagradável a Deus? Você tem desejo de que Ele reine sobre você (Lc 19.14)? Você está descansando plenamente na justiça de Cristo e no sangue dEle para a sua aceitação diante de Deus?
Aqueles que estão confiando em formas exteriores de piedade, como o batismo ou a “confirmação”; aqueles que são religiosos porque isto é considerado uma característica de respeitabilidade; aqueles que freqüentam alguma igreja, porque fazê-lo está na moda; e aqueles que se unem a alguma denominação porque supõem que esse passo os capacitará a se tornarem cristãos — todos esses estão no caminho que “ao cabo dá em morte” — morte espiritual e eterna. Não importa quão puros sejam os nossos motivos; quão bem intencionados, os nossos propósitos; quão nobres, as nossas intenções; quão sinceros, os nossos esforços, Deus não nos reconhece como seus filhos enquanto não recebemos o seu Filho.
Uma forma ainda mais ilusória do evangelho de Satanás consiste em levar os pregadores a apresentarem o sacrifício expiatório de Cristo e, em seguida, dizerem aos seus ouvintes que a única exigência de Deus para eles é que creiam no seu Filho. Por meio disso, milhões de almas que não se arrependem são iludidas, pensando que foram salvas. Mas o Senhor Jesus disse: “Se.... não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis” (Lc 13.3). Arrepender-se significa odiar o pecado, sentir tristeza por causa do pecado e converter-se dele. É o resultado da obra do Espírito Santo em tornar o coração contrito diante de Deus. Ninguém, exceto a pessoa de coração quebrantado, pode crer de maneira salvífica no Senhor Jesus Cristo.
Afirmamos, mais uma vez, que milhares estão iludidos, ao supor que “aceitaram a Cristo” como seu “Salvador pessoal”, quando na realidade ainda não O receberam como seu SENHOR. O Filho de Deus não veio ao mundo para salvar seu povo nos pecados deles, e sim para salvá-los “dos pecados deles” (Mt 1.21). Ser salvo dos pecados significa ser salvo do ignorar e do rejeitar a autoridade de Deus; significa abandonar o curso de vida caracterizado pelo egoísmo e pela satisfação pessoal; ou, em outras palavras, abandonar nosso próprio caminho (Is 55.7). Ser salvo significa sujeitar-se à autoridade de Deus, render-se ao domínio dEle, oferecer-nos a nós mesmos para sermos governados por Ele. Aquele que nunca tomou sobre si o jugo de Cristo; aquele que não está verdadeira e diligentemente procurando agradar a Cristo, em todos os aspectos da sua vida, e continua supondo que está confiando na obra consumada de Cristo, esse está iludido por Satanás.
Em Mateus 7, há duas passagens que nos mostram os resultados aproximados entre o evangelho de Cristo e a falsificação de Satanás. Primeira, nos versículos 13 e 14: “Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela”. Segunda, nos versículos 22 e 23: “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade”.
Sim, querido leitor, é possível trabalhar em nome de Cristo (até pregar em seu nome) e, embora o mundo e a igreja nos conheçam, não sermos conhecidos pelo Senhor! Quão necessário é que descubramos em que situação realmente estamos; que examinemos a nós mesmos, a fim de sabermos se estamos na fé; que nos julguemos pela Palavra de Deus e verifiquemos se estamos sendo enganados pelo nosso sutil inimigo; que descubramos se estamos edificando nossa casa sobre a areia ou se ela está construída sobre a Rocha, que é Jesus Cristo! Que o Espírito de Deus examine nosso coração, quebrante nossa vontade, destrua nossa inimizade contra Deus, produza em nós um profundo e verdadeiro arrependimento e faça os nossos olhos se fixarem no Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
- Arthur Walkington Pink 
Artigo: O Outro Evangelho

sábado, 15 de abril de 2017

Seguindo o exemplo dos Bereianos



Atos 17: 10-12 - “E logo os irmãos enviaram de noite Paulo e Silas a Beréia; e eles, chegando lá, foram à sinagoga dos judeus. Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim. De sorte que creram muitos deles, e também mulheres gregas da classe nobre, e não poucos homens.”


Tenho testemunhado, de diversas maneiras, que onde falta o conhecimento Verdadeiramente Bíblico, a igreja se torna, ao mesmo tempo, vítima e algoz de suas próprias emoções. Não baseiam sua fé naquilo que é o caráter de Deus, mas em emoções, manipulações e mercadejar de almas.

O resultado disso é pessoas sendo entusiasmadas, com manifestações que levam o nome de Deus, sem que Deus esteja agindo de fato. Pessoas se escandalizam. Adolescentes são negativamente influenciados. Mulheres e homens divagam na histeria coletiva.

Já vi assassinos em série nascerem dessa combinação: emoção, volume alto, manipulação psicológica. Isso é pernicioso e doentio. Leva as pessoas ao recrudescimento e não ao crescimento espiritual.

Sou à favor que se questione, que se pesquise, que se indague NA BÍBLIA, como os bereanos de Paulo fizeram depois de ouvir sua pregação. Paulo pregava, e depois, cada um ia conferir nas escrituras, se o que Paulo dizia era verdade ou filosofia humanista.

Por que será que a igreja deixou de ser bereana e abraça tudo sem parar, nem que seja por dois minutos, para pensar? Por que nos tornamos presas de lobos devoradores que tentam nos induzir a erro e engano?

Deus só tem compromisso com a Verdade que Ele estabeleceu. Não serão os sinais que determinarão se uma coisa é verdadeira. Até porque, também o diabo, sabe realizar sinais e prodígios e se possível fosse enganaria até os escolhidos.

“Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.” Mateus 24:24

A igreja, para ser madura e saudável em sua vida cristã piedosa tem que se basear na Bíblia e não no desejo por fogos de artifício e som alto. Cuidado quando surgir alguém querendo ver aquilo que Deus não mostrou, ou revelar aquilo que Deus não falou. O diabo só está à espreita, procurando alguém mais descuidado para devorar.

Seja bereano em sua vida cristã devocional. Vá ler em sua Bíblia o que está escrito de Deus e de suas promessas pois estas sim são verdadeiras e dignas de toda aceitação.

Autora: Ana Elisa Dantas de Souza Pires
Fonte: [ Amigos do Puritanismo ]
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O EXEMPLO DOS BEREANOS
Este vídeo é um apelo para a igreja evangélica brasileira deixar de seguir palavras de homens e se voltar exclusivamente para as Escrituras. Que o exemplo dos Bereanos esteja presente em nossa geração. Que Deus tenha misericórdia de nós!

(Autor Pablo Henrique)
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quarta-feira, 12 de abril de 2017

UNS PARA A SALVAÇÃO E OUTROS PARA A PERDIÇÃO


“VASOS DE HONRA” E “VASOS DE DESONRA” (Supralapsarianismo) 

--> "Porque se introduziram alguns, que já ANTES ESTAVAM ESCRITOS PARA ESTE MESMO JUÍZO, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo". (Judas 1:4)

--> "Estes são manchas em vossas festas de amor, banqueteando-se convosco, e apascentando-se a si mesmos sem temor; são nuvens sem água, levadas pelos ventos de uma para outra parte; são como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas;
Ondas impetuosas do mar, que escumam as suas mesmas abominações; estrelas errantes, PARA OS QUAIS ESTÁ ETERNAMENTE RESERVADA A NEGRURA DAS TREVAS". (Judas 1:12,13)

--> “O Senhor fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal”. (Provérbios 16:4)

--> "Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado,
O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, AINDA ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós"; (1 Pedro 1:19,20)

--> "E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do CORDEIRO QUE FORA MORTO ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO". (Apocalipse 13:8)

O Cordeiro fora imolado antes da fundação do mundo, certo? Por que razão DEUS decretaria a Salvação senão porque ANTES Ele havia decretado a QUEDA? O que motivou Deus a SACRIFICAR O CORDEIRO ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO (Apocalipse 13:8)??? ATOA???

Era necessário que existisse um "PROBLEMA" a ser resolvido, para que, então, a SOLUÇÃO fosse decretada.


QUE PROBLEMA ERA ESTE?
A Salvação é um processo eterno e não transitório. É uma sequência de fatos que ocorrem eternamente, sem ter começo ou fim. Isto sempre esteve na mente de DEUS (Romanos 8:30). Portanto, havia um problema - A QUEDA DO HOMEM - para que Deus exercesse sua solução salvífica para seus eleitos. 

ANALISANDO ROMANOS 9 – PREDESTINAÇÃO DUPLA

"Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por Aquele que chama),
Foi-lhe dito a ela: O maior servirá ao menor.
Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú.
Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés: Me compadecerei de quem Eu quiser me compadecer, e terei misericórdia de quem Eu quiser ter misericórdia.
Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.
Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra. Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer. Dir-me-ás então: 'Por que se queixa Ele (Deus) ainda? Porquanto, quem tem resistido à Sua vontade'? Mas, quem és tu, ó homem, para discutires com Deus? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?
E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios"?
(Romanos 9:11-24)

Se você crê que Romanos 9 está tratando sobre a eleição para salvação, não há resquício de sanidade em negar o Supralapsarianismo (visão soteriológica que confirma o fato de que Deus antes CONDENOU A RAÇA HUMANA e, posteriormente a isso, providenciou A SALVAÇÃO DOS ESCOLHIDOS). Aqui diz que Deus amou Jacó e odiou Esaú, SEM considerar ou prever obra alguma nos dois. Não apenas em Jacó, mas em Esaú também. Ou seja, tanto a eleição quanto a reprovação são incondicionais; e Paulo ainda ratifica que é Deus quem forma dois tipos de vasos através do barro. Ou seja, isso mostra que Deus ativamente SALVA OS ELEITOS E CONDENA OS RÉPROBOS.


SE A SALVAÇÃO É INCONDICIONAL, A REPROVAÇÃO TAMBÉM É

Vemos que o “vaso de honra” sempre foi salvo, e, de modo decretivo, ele nunca esteve PERDIDO. Costumamos dizer: "Uma vez salvo, sempre salvo", não? Então, por que causa isto mudaria com relação aos réprobos, considerando que a mesma passagem de Romanos 9 descreve o “vaso de desonra” como preparado para a perdição? Ou seja, uma vez PERDIDO, sempre perdido!!!

Definitivamente, Deus não contemplou o homem caído para depois ordenar sua perdição (visão defendida pela seita arminiana), assim como DEUS não olhou para a santidade do homem para salvá-lo. Se Ele operou a santidade nos Seus antes mesmo de O conhecerem, Ele, igualmente, conduziu o restante à PERDIÇÃO, deixando-os cair no pecado, não dando a eles o arrependimento que provém do Espírito; e, do mesmo modo Ele o fez com Esaú, que com lágrimas buscou lugar de arrependimento e não encontrou (Hebreus 12:17). Não há sentido em aceitar que Deus JAMAIS tenha olhado para as obras do eleito para salvá-lo, para depois dizer, paradoxalmente, que o Senhor teve de contemplar o estado decaído do homem para, só depois, predestiná-lo à perdição. Se Ele não olhou para o coração do homem para salvá-lo, porém tão somente para o beneplácito de Sua vontade, Ele também o fez para preordenar a ruína dos réprobos, sem olhar para as falhas dos mesmos.

A respeito do tema, Vincent Cheung faz uma declaração cirúrgica sobre isso: 'A queixa de que no Supralapsarianismo Deus decreta a identidade dos réprobos sem considerar a pecaminosidade deles, é inválida. Já foi estabelecido (acima) que a reprovação é incondicional, assim como a eleição dos santos, de forma que esta queixa não apresenta nenhum problema'. 

♠ JP Padilha
#SolaScriptura


O que é a Fé Reformada?



O QUE É A "FÉ REFORMADA"?

QUAIS IGREJAS NO BRASIL AINDA SEGUEM O PROTESTANTISMO HISTÓRICO???

DE VOLTA AO EVANGELHO DE CRISTO. 

INFORME-SE... "REFORME-SE"!!!



Os profetas do Antigo Testamento, advertiram a Judá, relativamente aos grandes perigos que enfrentaram: "O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos" (Os. 4:6). Amos advertiu, "Eis que vêm os dias, diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor" (Amos 8 :11).

A nossa grande preocupação é que a situação nos nossos dias e nesta terra é realmente semelhante aos dias dos profetas de antigamente. A revista Times afirmou em 30 de Jan., 1993 à questão: "Qual é a situação real [na Inglaterra]? Acreditando, que os cristãos praticantes são um pequeno punhado de nossa nação. Noventa por cento ou mais dos nossos cidadãos não têm quase nenhum conhecimento do cristianismo." Isto é um triste comentário. Nesse "minúsculo punhado" existem grandes divergências de fé. Há certamente uma grande necessidade de que a fé Reformada seja proclamada.
Porque é que a situação como ela é actualmente? Vivemos nos "últimos dias" (At. 2:17). Durante este período de tempo, a palavra de nosso Senhor está a ser cumprida que muitos se desviam (I Tm. 4:1) e o amor de muitos "se esfria" (Mt. 24:12). No próprio mundo, é o materialismo grosseiro que tem envenenado a sociedade. Temos a louca corrida por mais e mais entretenimento, muitas vezes dos tipos mais abomináveis. Os escarnecedores continuam a zombar, perguntando: "Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação" (II Pedro 3:4).
A situação nas igrejas é quase tão má. A apostasia abunda. Há um massivo abandono dos "caminhos antigos" (Jer. 6:16). Existem os "lobos em peles de cordeiro" (Mt. 7:15). A profecia da Escritura está sendo realizada: "e que dentre vós mesmos se levantarão homens, falando coisas perversas para atrair os discípulos após si" (At. 20:30). Há novamente uma crescente pressão para a união de todas as igrejas e denominações. A doutrina é considerada irrelevante. "Novas" teologias surgem. As ovelhas, ao que parece, estão prestes a serem devoradas pelos lobos raivosos. A nossa garantia então só pode estar na Palavra de Cristo, "Nenhum homem pode arrebatar-vos para fora da minha mão" (Jo. 10:28).
Nestes tempos angustiantes, a Palavra de Cristo vem então em alto e bom som, " Eis que estou à porta e bato ..." (Ap. 3:20). Tal como Ele outrora ficou na porta da igreja de Laodicea, chamando para fora os fiéis que permaneciam nessa igreja apóstata, assim Ele chama ainda hoje. O povo de Deus tem fome da Palavra. Muitos não estão sendo alimentados. Eles estão recebendo "pedras por pão." Cristo convida a sair e cear com ele em torno de Sua Palavra que permanece para sempre.
Portanto, nós da Comunidade da Aliança Reformada Protestante (Covenant Protestant Reformed Church), pretendemos formar um elo entre todos aqueles que amam a fé Reformada e desejam ainda os "antigos caminhos." Nós temos desejamos estabelecer, sempre que tal seja possível, igrejas que corajosamente proclamem as velhas verdades.
Qual é a fé "Reformada"? Por "fé," referimo-nos ao corpo da verdade que emerge da própria Escritura. Falamos da fé "reformada", não como se fosse uma espécie de substituto para a fé escritural. Há afinal, somente um objectivo conjunto de verdades que é apresentado na Escritura.
Por "reformada," gostaríamos de distinguir-nos de outros, que duma ou outra forma se desviam da "fé" estabelecida na Palavra de Deus. Empunhamos as verdades da Escritura como que têm sido sistematicamente resumidas nas Normas de Westminster e as Três Formas de Unidade, ou seja, o Catecismo de Heidelberg, a Confissão Belga, e os Cânones de Dort.

O que é, então, a Fé Reformada (que é escritural)?


A soberania de Deus

Em primeiro lugar, a fé reformada enfatiza a soberania de Deus. Será que isto distingue-a dos outros que também ensinam a soberania de Deus? Sim, distingue. Estamos convencidos de que a fé reformada mantém a verdade da soberania de Deus de forma consistente. Todos os cristãos certamente concordariam que Deus é soberano. Ele governa sobre tudo. Mas repetidamente encontramos doutrinas e práticas que contradizem a verdade da soberania de Deus. A fim de satisfazer raciocínio humano, há aqueles que insistem na "vontade livre" de todos os homens de aceitar ou rejeitar a Cristo, como querem. Há aqueles que apresentam um Cristo que bate à porta do coração do pecador, suplicando por admissão (mal interpretando Ap. 3:20). Há aqueles que ensinam que o número final da eleição de Deus não é determinado por Deus desde a eternidade, mas pelas actividades do homem. Há aqueles que ensinam que Deus ama todas as pessoas, ainda que no final Ele lance algumas em inferno. Outros ensinam que seria por causa do amor de Deus por todos, que Ele não pode lançar nenhuma delas no inferno.

A fé Reformada consistentemente mantém a soberania de Deus. Ele criou, em seis dias literais (Gn. 1), e continua a manter todo o seu universo. Ele também dirige e controla todos as criaturas morais e racionais. Ele desde a eternidade determinou a salvar alguns (os eleitos) através do sangue do Cordeiro (Ef. 1:4) e determinou que outros seriam lançados no inferno, por causa de seus pecados (Rm. 9:22). Jamais Deus devolve qualquer aspecto de seu Governo nenhum sentido. Todas as doutrinas da igreja de Cristo devem estar em conformidade com isso. A Igreja não pode "ajustar" a soberania de Deus para se acomodar à ideia do que o homem acha que é justo e certo. Pelo contrário, confissão do homem deve ser conformada com a grande verdade da soberania de Deus. (Em relação a isto, recomendamos a edição da Baker do empolgante livro de Arthur W. Pink, A Soberania de Deus.)

As Infalíveis Escrituras

O conhecimento do Deus soberano não deriva do homem através de pesquisa, mas pela revelação do próprio Deus. A fé reformada mantém a inerrância da Sagrada Escritura, a sua infalibilidade e inspiração. É a Palavra "soprada por Deus" (II Tm. 3:16) falada por Cristo (Jo. 1), para que possamos conhecer e compreender o que Deus ia revelar de si mesmo. Sem essa palavra que não poderíamos ter conhecimento determinado. Com ela, temos testemunho confiante e certo relativo a Deus e relativamente ao Seu Filho Jesus Cristo, e à obra de Cristo em resgatar e gerar a Sua igreja.

O Pacto da Graça

A fé reformada mantém a grande verdade do "pacto de graça." Afirmamos sucintamente as nossas próprias convicções relativas ao ensino da Escritura a este respeito.
O pacto de graça deve ser entendido à luz da Santíssima Trindade. Os três num só Deus (Pai, Filho e Espírito Santo) eternamente coexistentes e unidos em si perfeitamente. É uma comunhão que pede a descrição humana e ultrapassa a compreensão do homem. No entanto a verdade da comunhão pactual com Ele mesmo é a base do pacto de graça. O Deus Triúno eternamente determinado a revelar fora de si mesmo a glória da comunhão, como existe em si mesmo. Ele determinou mostrar da forma mais elevada uma comunhão com um povo eleito escolhido eternamente em Cristo.

Uma boa compreensão desta obra de Deus enlaça juntamente as diversas verdades maravilhosas da Escritura. A palavra de Deus mostra que este pacto é "unilateral", ou seja, não estabelecido entre duas partes, mas sim pelo próprio Deus directamente (Gn. 15:17-18). É um pacto inquebrável, em que, quando Deus estabelece-lo com o Seu povo, continua por toda a eternidade (Gn. 17:7). Essa aliança não é uma espécie de acordo em que Deus toma o Seu povo para o céu, mas é o fim ou objectivo que Deus tem em mente (Gn. 17:7). É a promessa que Deus tem o prazer de estabelecer na linha de gerações (Gn. 17:7). Foi verdadeiramente dito, "Ele reúne a Sua semente da nossa semente." Nem todos os nascidos de pais crentes fazem parte do pacto (Rm. 9:13). Mas as sementes espirituais são salvas (Rm. 9:7). Deus traz outras pessoas do paganismo, mas depois incorpora também a sua semente espiritual no corpo de Cristo (At. 16:27-33).

Os cinco pontos do calvinismo

A fé reformada é frequentemente associada com o que é chamado os "cinco pontos do calvinismo." Esses "cinco pontos," de maneira nenhuma esgotam a fé Reformada. No entanto, estes marcam uma distinta diferença entre ela e o Arminianismo que tem infectado a maior parte das igrejas fundamentalistas.


Os cinco pontos são lembrados por muitos através da utilização do acróstico: TULIP.

O "T" é de total depravação. Este é o ensinamento bíblico em que o homem é nascido morto em pecados, incapaz e sem vontade para qualquer bem (Rm. 3:10). Todos são culpados do primeiro pecado de Adão (Rm. 5:12). Todos só transgridem a lei de Deus por natureza (Rm. 3:23). A partir disto seguem diversas conclusões. Uma pessoa não pode "oferecer" a um pecador morto a salvação em Cristo. Também não pode ser esse "convidado" a aceitar Cristo ou aceitá-lo em seu coração. Seu estado é tal que é impossível actividade espiritual da sua parte.


O "U" representa eleição incondicional. Desde antes da fundação do mundo, Deus tem escolhido para si mesmo um povo em Cristo (Ef. 1:4). Juntamente com este fato, Deus também tem determinado a lançar outros no inferno, por causa de seus pecados (Rm. 9:21-22). Que esta eleição eterna é "incondicional" significa que Deus escolheu, não porque Ele previa que um iria acreditar, mas um acredita porque Deus o escolheu (Jo. 10:26; Rm. 8:29-30).


O "L" representa expiação limitada. A expiação é o pagamento feito por Cristo pelos pecados do seu povo (Mt. 1:21). Que é "limitada" não está a ensinar que a expiação de Cristo falta em algo. Pelo contrário isto apresenta o facto escriturístico que a expiação é limitada aos eleitos ou escolhidos de Deus (Jo. 6:44).


O "I" fala de graça irresistível. Isso enfatiza que, quando Deus vos chama a si o seu povo, e eles virão (Jo. 6:37). Vêm não involuntariamente, mas de bom grado. No entanto, a sua graça é de tal potência que a vontade dos seus eleitos é feita subserviente à Sua vontade.



O "P" é preservação dos santos. Isto significa que um escolhido, chamado e atraído a Jesus Cristo, também irá permanecer na fé e vai certamente ser levado à glória. Estes santos podem pecar gravemente e se cair por um tempo em certos pecados. Mas Deus tra-los de volta a si próprio. Aqueles por quem Cristo morreu serão certamente salvos (Fl. 1:6; Rm. 8:29-30).

As Doutrinas da Graça


A fé Reformada consistentemente afirma as "doutrinas da graça." Mais uma vez, estas são doutrinas das Escrituras. A terminologia serve para enfatizar o fato de que a salvação é uma gloriosa e total obra do nosso Deus, e não obra do homem ou do homem cooperar com Deus. Nós somos justificados pela graça através da fé (Rm. 3:24). Aqueles justificados tiveram seus pecados pagos integralmente através do precioso sangue de Jesus (Rm. 5:1). E aqueles por quem Cristo morreu, foram escolhidos por Deus desde a eternidade. Toda a salvação é totalmente o trabalho do soberano Deus. Não há então nenhum espaço para vanglória (Ef. 2:9).

Baptismo infantil


A fé Reformada segue a prática do baptismo de crentes. Isto tem sido a prática consistente dos crentes Reformados desde John Calvin. Este baptismo é baseado na verdade da Aliança de Deus, estabelecida na linha das gerações de fiéis. Nem todos os baptizados são salvos (Esaú que recebeu o sinal da circuncisão não foi salvo [Rm. 9:13]). Mas porque Deus estabelece o Seu pacto na linha de gerações (Gn. 17:7; At. 2:39), estes também recebem o sinal desse pacto e da justiça que é pela fé. Isto também é coerente com as práticas dos apóstolos que baptizaram crentes e suas famílias (At. 16:15; I Co. 1:16; At. 11:14; At. 16:31).

Os credos


A fé Reformada mantém os credos como expressões do que ela confessa que a Escritura ensina. Credos não são para considerar como infalíveis. Eles, ainda assim, identificam e distinguem o que é Reformado do que não é. Os Reformados têm escrito, muitas vezes depois de grandes lutas e terríveis perseguições, as verdades mais complexas que a Escritura ensina seguramente. Os credos salientam a forma como os Reformados diferem das outras pessoas que também reclamam manter a Escritura. Por meio dos credos, os filhos dos crentes são ensinados nas doutrinas das Escrituras. Por meio dos credos as igrejas mostram a todo o mundo o que acreditam e ensinam.

Culto


A fé reformada mantém a necessidade de cultos regulares. Não pertence à mente o minimizar ou negligenciar o culto de Jeová, em cultos regulares. Antes a alegria dos reformados é a de cumprir o mandato de reunirem-se com a Igreja e seguir os ensinamentos das Escrituras, reunindo-se com a família eclesiástica a cada dia específico para adorar o nome de Deus. Eles juntam-se, não para serem divertidos, mas para glorificar o Nome que está acima de todo e qualquer outro nome.

A fé reformada mantém também o ensinamento bíblico de que a pregação da Palavra deve vir da igreja através de homens chamados por Deus para servir nesta posição importante (Rm. 10:15). A pregação é para ser o elemento central do culto. Chama-se nas Escrituras a "loucura da pregação" (I Co. 1:21), mas, ao mesmo tempo, é o modo ordenado por Deus de salvar os pecadores e fortalecer os santos (Rm. 10:14)


A Vida Santa


A fé Reformada não conduz os homens a serem descuidados ou profanos. Esta fé não considera que pode-se "pecar para que graça possa abundar" (Rm. 6:1). Porque se uma pessoa é escolhida eternamente de Deus, e porque Cristo morreu por ela, htem de haver a evidência de frutos piedosos. Verdadeiro agradecimento deve ser visto, caso contrário, não existem provas da eterna eleição. Deus escolheu o Seu povo para as boas obras (Ef. 2:10) e de maneira que devamos ser santos e sem culpa diante dele (Ef. 1:4). Não deve haver nenhuma aliança entre a luz e as trevas, entre o cristão e o mundo (II Co. 6:14). A "antítese" deve ser evidente—a distinção entre o bem e o mal é para ser visto na vida do cristão

Missões


A fé reformada crê firmemente na convocação da igreja para sair por todo o mundo para pregar o evangelho. Ele não tem nada a ver com um "hiper-calvinismo," que levaria a negligenciar esta grande tarefa da Igreja. O próprio Jesus mandatou os discípulos e, em seguida, a igreja, para ir em todo o mundo para pregar o evangelho (Mt. 28:19). Embora seja certamente verdade que Deus irá salvar o Seu povo a quem Ele tem escolhido desde a eternidade, é igualmente verdade que Ele determinou que isto é para ser feito por meio da fiel pregação do evangelho, tanto no seio da igreja e no campo missionário. Só Deus sabe quem são dele. A igreja vai sob o mandato de Cristo, a fim de que os tais escolhidos de Deus também possam ser trazidos para a cruz de Jesus Cristo.

O Regresso de Cristo

A fé Reformada aguarda com confiança para o breve retorno de nosso Senhor Jesus Cristo sobre as nuvens do céu. Em Mateus 24 Jesus fala dos sinais que antecedem a Sua volta. Vemos esses sinais sendo cumpridos hoje. Nós não sabemos o dia ou a hora do seu regresso, mas sabemos que deve estar à mão. Isto deveria impressionar a igreja com a urgência de realizar as suas tarefas fielmente até o fim. Deve pregar a Palavra, deve evangelizar, deve ensinar as crianças, para que elas possam estar preparadas para os maus dias que vêm sobre a igreja. E a fervorosa oração da Igreja é pela vinda de Cristo: "Mesmo assim, vem Senhor Jesus, depressa!" (Ap. 22:20).


O acima exposto não é concebido de forma alguma para ser um tratado exaustivo da fé "reformada." Convém, no entanto, dar uma descrição "miniatura" daquela fé que tem sido tida por tão preciosa através dos séculos. Na base das verdades gloriosas pelas quais muitos deram as suas vidas, também teríamos desejo de buscar comunhão com aqueles que amam estas mesmas verdades, de modo a incentivar e fortalecer um ao outro na mais santíssima fé.

 JP Padilha


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